O Conselho de Segurança das Nações Unidas discute nesta sexta-feira (15) o crescente papel das mudanças climáticas nas atuais questões de riscos internacionais, como a redução da oferta de recursos naturais e o agravamento de conflitos entre países.
A reunião informal contará com a presença de Hans Joachim Schellnhuber, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impactos Climáticos (PIK), que deve discorrer sobre o assunto para os representantes dos 15 países membros do conselho, bem como para representantes de outras nações. O encontro está sendo realizado a pedido do Reino Unido e do Paquistão, o que, segundo Schellnhuber, “ilustra que as mudanças climáticas são uma questão para tanto países em desenvolvimento quanto industrializados”. O diretor do PIK ressaltou o papel das nações desenvolvidas nesse contexto, acrescentando que se elas não encontrarem uma forma de ajudarem os países com mais necessidade a se adaptarem e protegerem das mudanças climáticas, “isso pode resultar em relações internacionais prejudicadas por uma situação na qual um aumento inicial de cooperação em face a uma crise muda para uma competição acirrada por recursos naturais escassos, como alimentos”. Um dos aspectos a ser discutido é a segurança alimentar, que com as mudanças climáticas pode se tornar um assunto delicado. Um exemplo é a grande seca ocorrida nos EUA em 2012, que afetou a produção das commodities, prejudicando tanto a oferta de alimentos no país quanto suas exportações e elevando o preço dos produtos. A escassez de recursos, por outro lado, pode levar à intensificação de conflitos entre os países. “Os impactos das mudanças climáticas, como aumento no nível do mar, secas, enchentes e eventos climáticos extremos, podem exacerbar as tensões e conflitos subjacentes em partes do mundo que já sofrem com pressões nos recursos”, afirmaram declarações do Reino Unido e do Paquistão. Entre a Rússia e a União Europeia, por exemplo, pode nascer um conflito em função do aumento das temperaturas, que causa o derretimento do gelo Ártico. Isso, por sua vez, facilita o acesso a depósitos de combustíveis fósseis e a novas rotas de navegação, que podem ser disputadas pelas potências. Outro exemplo é o conflito na região de Dafur, no oeste do Sudão, considerado o primeiro conflito climático, já que as secas prolongadas intensificaram as tensões entre os habitantes do local. “Muitos estados em desenvolvimento e frágeis – como os da África Subsaariana – enfrentam crescentes tensões pela restrição de recursos e mudanças climáticas, colocando diferentes grupos tribais e étnicos um contra o outro”, afirmou um relatório do Global Trends. A escassez de recursos, os conflitos regionais e os desastres naturais causados pelas mudanças climáticas, por sua vez, podem levar a migrações em massa, o que agrava ainda mais essas situações de estresse. “Você terá todos os tipos de distúrbios e revoluções, com a exportação de pessoas com raiva e com fome para os países industrializados”. Além dos representantes de vários países, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também declarou que pretende participar da reunião Fonte: Instituto CarbonoBrasil |