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Por Marton Dunai

GYOR, Hungria (Reuters) – Um vazamento de lodo tóxico vermelho de uma usina de alumina no oeste da Hungria atingiu o rio Danúbio na quinta-feira, e equipes tentavam diluir o vazamento para proteger o rio, um importante corredor fluvial da Europa.

Tibor Dobson, porta-voz das equipes húngaras de combate a desastres, disse à Reuters que haviam chegado relatos sobre mortes esporádicas de peixes nos rios Raba e Mosoni-Danúbio, afetados anteriormente pelo vazamento. No rio Marcal, menor e que foi atingido primeiro, todos os peixes teriam morrido.

Equipes trabalham para reduzir a alcalinidade do vazamento, que saiu do reservatório de contenção da usina de alumina na segunda-feira e invadiu vilarejos locais, matando quatro pessoas e ferindo mais de 150. Três pessoas ainda estão desaparecidas.

Quando chegou aos rios Raba, Mosoni-Danúbio e o próprio Danúbio, o teor alcalino do vazamento ainda era de pH9 – ou seja, acima do nível normal e inofensivo de entre 6 e 8, disse Dobson.

Em Gyor, cidade do noroeste da Hungria onde o Raba deságua no Mosoni-Danúbio, um repórter da Reuters viu espuma branca no rio e muitos peixes pequenos mortos que chegaram à margem.

Equipes de ambulâncias distribuíam folhetos entre os moradores, orientando-os a não pescar nem comer peixes do rio e a evitar contato com a água.

Gabor Figeczky, diretor do ramal húngaro do grupo ambientalista WWF, que visitou a cena do desastre na companhia de especialistas, disse que o impacto sobre o rio Marcal foi mais grave que o previsto. Esperava-se que a alcalinidade do lodo diminuiria depois de o vazamento chegar ao Raba, um rio maior, mas o pH ainda era entre 9 e 10.

“Com base em nossas estimativas atuais, a poluição se limitará à Hungria, e acreditamos que o vazamento chegará a Budapeste com níveis de pH aceitáveis”, disse ele.

Rio abaixo em relação ao local do desastre, o Danúbio atravessa ou toca em território da Croácia, Sérvia, Bulgária, Romênia, Moldávia e Ucrânia, a caminho do Mar Negro.

O vice-ministro ambiental da Sérvia disse à Reuters que o país aumentou o monitoramento e controle da água do Danúbio desde segunda-feira.

“Estamos em contato constante com as autoridades húngaras. A qualidade da água do rio Danúbio não mudou desde 4 de outubro”, disse ele.

Na terça-feira a Hungria declarou estado de emergência em três condados, depois de o lodo – formato por dejetos do refino de bauxita, que exercem forte efeito cáustico – terem chegado a Kolontar, Devecser e outros vilarejos a 160 quilômetros a oeste de Budapeste.

O primeiro-ministro Viktor Orban visitou Kolontar na quinta-feira e disse que não adianta nem sequer retirar os dejetos de parte do povoado, já que será impossível voltar a viver no lugar.

“CATÁSTROFE”

Orban disse que o desastre não pode ter tido causas naturais.

“Esta é uma catástrofe ecológica sem precedentes na Hungria. É mais provável que tenha sido causada por erro humano. O muro (do reservatório) não desintegrou em um minuto. Isto deveria ter sido detectado.”

A MAL Zrt, proprietária da usina de alumina Ajkai Timfoldgyar e do reservatório que se rompeu, disse na terça-feira que não houve sinais prévios do desastre, acrescentando que a última inspeção do reservatório, na segunda-feira, não revelara nada de errado.

Fonte: Reuters | 07 de outubro de 2010